IAB-RJ LAMENTA O FALECIMENTO DO COLEGA SEVERIANO PORTO

Faleceu na cidade de Niterói, aos 90 anos, um dos mais significativos expoentes da arquitetura brasileira, Severiano Porto (19.02.1930—10.12.2020). Formado, em 1954, pela Faculdade Nacional de Arquitetura (atual FAU-UFRJ), foi para o Amazonas aos 35 anos e lá desenvolveu uma arquitetura pioneira. Sua arquitetura de matriz moderna se mesclou ao modo de viver amazônico e à sabedoria das tradições locais. Com quatro décadas de atuação na região Norte elaborou uma arquitetura exemplar no que diz respeito à adequação ao clima, ao conforto ambiental e à eficiência energética (fazendo dele um precursor da arquitetura sustentável e bioclimática no país), à economia de meios, à racionalidade construtiva, à preocupação com os recursos naturais, e à valorização da cultura, especialmente aquela identificada com a cultura vernácula (a cultura dos ribeirinhos, dos mateiros, das pessoas mais simples), referência esta inédita até então na cultura arquitetônica local.
 
Embora boa parte de sua obra tenha se concentrado em uma região bastante específica a contribuição de suas propostas e o nível de suas obras continua sendo referência respeitável para seus pares. Detentor de uma obra expressiva (com um acervo de aproximadamente 300 projetos) o arquiteto despertou a admiração dos seus pares por um trabalho que ganhou ampla notoriedade, sobretudo nos anos de 1980-1990, com premiação internacional e a divulgação de seus projetos e obras em revistas de grande circulação no Brasil, na América Latina e na Europa.
 
Como exemplo do legado de seu escritório estabelecido com o arquiteto Mario Emilio Ribeiro (1930-2014), podemos citar a Igrejinha de Cavaco (1969), o Restaurante Chapéu de Palha (1969), a Residência do Arquiteto (1971), a Residência Robert Schuster (1977-1981), o Hotel da Ilha de Silves (1983-1985), o Centro de Proteção Ambiental de Balbina (1985-1988), a sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (1970-1995) e o Campus da Universidade do Amazonas (1973-1980).
Incansável na luta pela profissão, além da extensa atuação como arquiteto de prancheta e de obra, com escritórios sediados no Rio de Janeiro e Manaus, Severiano Porto ainda dedicou-se paralelamente ao ensino por quase três décadas (1972-1999), como docente na Faculdade de Tecnologia da Universidade do Amazonas; participou ativamente das instituições de classe, tendo sido presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB, no período de 1977 a 1980, conselheiro do CREA-AM-RR, entre 1976-1979, e Conselheiro Federal do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA, entre 1980 a 1983.
 
Texto da Profa e Pesquisadora Dra.Mirian Keiko Ito Rovo ( Unilasalle-RJ)