AEF – ALOJAMENTO ESTUDANTIL DA FMP/FASE

Júlio Raposo Treitler

orientador(a):

Adriano Arpad Moreira Gomes

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

 

PREMIADO

Categoria Arquitetura de Edificações

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AEF – Alojamento Estudantil FMP/FASE

Petrópolis, cidade da região serrana do Estado do Rio de Janeiro, é versada por sua boa qualidade de vida e a alta percepção de segurança, o que faz com que o local se torne atrativo para moradores e turistas. Nas últimas décadas a cidade se consolidou como importante polo universitário, atraindo estudantes de toda a região e de diversos municípios brasileiros. Isso criou uma significativa demanda por moradia universitária, hoje escassa e cara no município.

Propõe-se então um alojamento para estudantes vinculados à Faculdade FMP/FASE, onde 90% do corpo discente vem de fora do município, baseado nas demandas da instituição, das especificidades da cidade e na garantia da moradia de qualidade como um direito dos estudantes. O objetivo das moradias estudantis é a de desenvolver atividades extracurriculares e também proporcionar apoio a constituição dos indivíduos como adultos, cidadãos e profissionais.

O projeto está inserido no terreno pertencente ao Mosteiro São Vicente de Paula, uma imponente construção do séc. XIX, que encontra-se inativa de suas funções religiosas. A proximidade com a FMP/FASE, que está localizada no terreno vizinho, foi sem dúvidas a característica de maior vantagem e influência na escolha do terreno para implantar o alojamento e, paralelamente restaurar o potencial econômico do mosteiro e viabilizar seu funcionamento.

O conceito do projeto se baseia no ecomimetismo, com o objetivo de integrá-lo ao máximo com a natureza e seus elementos característicos, causando o menor impacto possível no local. Também por isso, o partido arquitetônico se desenvolve a partir da topografia do terreno, que por sua vez, determinou a implantação e a plasticidade orgânica da arquitetura; buscando fluidez e diminuindo o custo financeiro da obra e, através de técnicas de conforto ambiental e sustentabilidade proporcionar uma experiência única para aqueles que ali habitam.

O presente projeto foi planejado para que não atenda apenas à função primordial de dormitório, mas que possa ser um local de interação e convivência coletiva, contando inclusive com o apoio de um anexo voltado para o lazer e complemento das atividades acadêmicas. A infraestrutura foi pensada para desempenhar um papel importante no desenvolvimento da área em que se situa, se integrando a cidade de Petrópolis.

Parecer da Comissão Julgadora

 

O projeto se estende de maneira horizontal e escalonada em consonância com o terreno com topografia acidentada, resultando na criação de pátios em níveis e terraços ajardinados, que integram e organizam os espaços, e mimetizam o volume proposto com o entorno, no qual se destacam duas edificações importantes de épocas diferentes. O trabalho destaca-se também pela qualidade gráfica da apresentação.

 

 

 

 

 

 

 

 

SÃO BENTO ESPORTE CLUBE

Fernanda Pessanha Farias

orientador(a):

Sylvia Meimaridou Rola e Wendell Diniz Varela

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

MENÇÃO HONROSA

Categoria Arquitetura de Edificações

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São Bento Esporte Clube, Duque de Caxias

Este trabalho final de graduação visa a requalificação do São Bento Esporte Clube por meio da restauração de um patrimônio colonial e a construção de um centro esportivo contemporâneo, localizado no bairro de São Bento, Duque de Caxias, Rio de Janeiro. A inquietação parte da existência de um complexo arquitetônico colonial da antiga Fazenda de São Bento do Iguaçú, que possui uma forte relação identitária e afetiva com os moradores locais, mas que está em processo de degradação. Assim, o objeto de estudo e intervenção é o lote do São Bento Esporte Clube, única área esportiva do bairro de São Bento que abrange a antiga Casa de Farinha, outrora o espaço de lazer e eventos mais importante da comunidade. A proposta conceitual busca que dois estilos de épocas distintas possam coexistir, criando simbolismos e camadas de significado em um lugar rico em memórias afetivas. A concepção do projeto do Clube leva em consideração as seguintes premissas:

– O entendimento da importância da antiga Casa de Farinha no cenário patrimonial e como objeto referencial, estabelecendo uma relação material e volumétrica entre o patrimônio e o os outros volumes;

– A qualificação da relação entre os espaços interiores e exteriores, promovendo uma maior integração física e visual entre os ambientes

– A utilização da tectônica como matriz básica da expressividade do projeto aliada a estudos de insolação e ventilação para uma arquitetura bioclimática passiva.

Atendendo as premissas, os volumes do complexo esportivo estão organizados pela interseção de duas linhas de força entre os edifícios, uma horizontal ao acesso, que coincide com o centro do campo de futebol e estabelece o paralelo entre a arquitetura colonial e a contemporânea, e outra vertical, que define a arquibancada. Além disso, a malha do centro esportivo se forma a partir das dimensões da antiga Casa de Farinha, tanto pela sua largura quanto pelo ritmo de sua fachada.

A lógica estrutural, que está intimamente associada ao conceito da tectônica, apoia-se em um paralelo material entre o conceito defendido por Gottfried Semper, a antiga Casa de Farinha e o Centro Esportivo. Assim, de forma ascendente se utiliza embasamento de concreto armado, vedação estrutural de tijolo maciço aparente e cobertura abobadada de madeira.

O projeto de restauração do patrimônio propõe um reestabelecimento original da obra, mas com a aplicação de novos materiais que se diferenciem da técnica construtiva inicial para não se cometer um falso histórico. Retoma-se o último original de espaço para eventos e gastronomia, demolindo-se anexos posteriores e recriando o ritmo original das fachadas. Já o programa do centro esportivo é organizado em um volume único térreo, disposto a partir da escala, tempo de uso, insolação e conexões visuais com o entorno. O ginásio se localiza centralmente e o acesso geral é realizado por um corredor lateral com vista para o campo de futebol. A piscina está a Nordeste para receber maior tempo de insolação, assim como os vestiários a Noroeste bloqueiam a insolação vespertina para os outros cômodos. Já a administração, salas de lutas e danças estão a Sudoeste, com caráter mais privado. Por fim, o campo de futebol que já formou grandes jogadores, como Garrincha e Roberto Dinamite, conta agora com uma arquibancada para 300 pessoas e vestiários exclusivos para jogadores e árbitros.

Palavras-chave: Fazenda São Bento do Iguaçú; centro esportivo; restauração

Geolocalização: 22º43’33.1”S 43º18’15.0”W

Parecer da Comissão Julgadora

 

O projeto proposto recupera e valoriza um equipamento cultural existente em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Através da inserção de um centro de esporte e lazer em um sítio histórico existente, o projeto cria espaços de qualidade, através de uma boa relação material e volumétrica com o patrimônio  existente.

 

 

 

 

 

 

 

 

MUSEU DO MOBILIÁRIO BRASILEIRO

Monique de Figueiredo Rodrigues

orientador(a):

Luiz Felipe da Cunha e Silva

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

MENÇÃO HONROSA

Categoria Arquitetura de Edificações

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O exercício semestral de PA Optativo de Espaços para a Cultura da FAU tem como
objetivo a recomposição de falhas do tecido urbano em centros históricos de acentuado
valor patrimonial e intenso uso cultural. O terreno proposto para o exercício situa-se à
margem do centro histórico do Rio, entre a Lapa e a Cinelândia, no quarteirão formado
entre a avenida República do Paraguai e a rua Evaristo da Veiga ao noroeste e sudoeste
e as ruas das Marrecas e do Passeio ao nordeste e sudeste.
O terreno tem a forma de um “L”, e oferece testada para as ruas do Passeio e das
Marrecas, abraçando os edifícios situados na esquina entre ambas, todos erguidos na
escala que o centro adquiriu ao longo do século XX. Foi formado pela demolição de
exemplares do casario dos séculos XVIII e XIX e apresenta-se como uma falha no tecido
urbano. Na perna que dá testada para a rua do Passeio, a divisa ao sudeste é a empena
desnuda do edifício do Automóvel Clube, exemplar magnífico do período ecletista, assim
como o edifício da Escola de Música da UFRJ, que lhe sucede nessa direção. A divisa ao
nordeste é a empena cega com altura de quatorze andares do edifício de número 78,
notável exemplar da emergência do Art Déco no Rio de Janeiro. Entre ambas as divisas
há um século e meio de história da arquitetura e uma variação de gabarito vertical da
ordem de uma para três e meia vezes a altura. Situação semelhante ocorre na perna do
“L” que oferece testada para a rua das Marrecas.
Os contrastes são violentos e abruptos, e realizar a transição histórico-estilística e escalar
entre estas divisas é o objetivo da implantação proposta, que foi composta de modo a
preencher essa falha, fazendo a transição entre estas duas escalas e encobrindo as
empenas expostas, preservando a árvore centenária junto à testada da rua do Passeio e
formando um jardim de acesso, capaz de dialogar e intermediar a relação do edifício com
o sistema de espaços abertos que compõe com a Praça do Passeio Público que para o
qual faz frente.
O edifício foi envelopado com uma pele de chapa perfurada, que protege suas fachadas
da incidência direta do sol, mas que se estende além dele, de modo a recompor o plano
de fachada contínuo do quarteirão e a realizar de modo geometricamente controlado a
transição de altura entre as duas escalas. Aberturas nesta pele foram realizadas de modo
a permitir que os galhos da árvore continuem, através delas, a se projetar sobre o passeio
público, provendo-o de sombreamento natural.
Os interiores do edifício foram planejados a partir de uma estrutura independente e
modulada em vãos compatíveis com múltiplos usos, formando espaços flexíveis e sempre
dispostos de modo à máxima exploração das perspectivas para o espetacular contexto
paisagístico que o rodeia por mais de trezentos graus, e no qual se apresentam a baía de
Guanabara, o Aterro do Flamengo, os casarios que nascem na Lapa e sobem as
encostas do morro de Santa Teresa, os Arcos da Lapa, o Circo Voador, a Fundição
Progresso e os grandes arranha-céus do centro comercial.
Jardins, terraços e mirantes foram dispostos em vários níveis, associados a programas
que produzem a congregação e as trocas sociais, a começar pelos jardins do térreo, que
se oferecem como uma passagem semi-pública interior, entre as ruas das Marrecas e do
Passeio, e no qual um espelho d’água reflete e duplica a iluminação natural, no canto
onde se conectam os fluxos e as perspectivas de ambas as ruas. Um terraço ao nível do
terceiro piso se volta para a rua das Marrecas como uma extensão ao céu aberto do
restaurante. Um mirante coberto se abre no penúltimo andar, voltado para o espetáculo
visual da baía, associado a um serviço de bistrô aberto. Um outro espaço de café está

associado a uma pequena livraria no mezanino do térreo que se abre para os interiores
dos jardins laterais, para o aqueduto da Lapa mais adiante aos fundos e para a Praça do
Passeio Público à frente, tendo a arvore do jardim no primeiro plano.
Para os andares típicos do bloco da lâmina em “L”, voltada para a rua do passeio e para o
jardim lateral da árvore, estão destinados os espaços para a exposição dos itens do
acervo de um eventual Museu do Mobiliário Brasileiro. Para a lâmina voltada para a rua
das Marrecas, espaços para biblioteca, acervo técnico, usos educacionais, atividades de
pesquisa e administração do conjunto. As duas lâminas têm acesso e sistemas de
circulação vertical independente, mas são interligadas em todos os andares e, por esta
conexão, tem acesso independente às escadas enclausuradas de escape de incêndios.

 

Parecer da Comissão Julgadora

 

O projeto de um edifício situado em um terreno no Centro Histórico da cidade do Rio de Janeiro, uma falha de tecido urbano resultante da demolição do casario, cuja implantação propõe a transição entre duas escalas e a preservação de uma árvore centenária. O trabalho destaca-se pelo tratamento da volumetria arquitetônica e o diálogo com o entorno existente.

PLATAFORMA DE AÇÃO

RESSIGNIFICAÇÃO DE UM VAZIO URBANO DA TAQUARA A PARTIR DOS AGENTES LOCAIS

Victor Fernandes Motta

orientador(a):

Adriana Sansão

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

PREMIADO

Categoria Arquitetura de Equipamentos Culturais

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O bairro da Taquara, inserido no contexto da região da baixada de Jacarepaguá, passou por profundas transformações entre o final do Séc. XX e início do Séc. XXI. Antes uma região de características rurais e com difícil acesso, passou por grandes intervenções do Estado, sobretudo no segmento de mobilidade urbana nos últimos anos sob o pretexto dos grandes Jogos que a cidade do Rio de Janeiro recebeu, e hoje campo de disputa do capital privado e de seus modelos de cidade e consumo. Essas intervenções refletem nas dinâmicas internas do bairro onde, sua composição social, sua morfologia e paisagem se alteraram profundamente. Grandes obras de infraestrutura realizados pelo Poder público, associado a uma legislação que incentiva a ocupação, resultaram nas transformações do campo físico e social pelo mercado imobiliário. Cujo adensamento, verticalização, supervalorização do preço do solo e a inserção de novos modelos de habitar a cidade, baseado nos espaços privados e controlados, são os sintomas dessas transformações. E em contraponto a essas problemáticas, pequenos grupos locais recentemente começaram a se organizar e a se articular como agentes atuantes dentro do próprio território. Ao observar as condições atuais do bairro, a falta de participação nas tomadas de decisão ou de intervenção pela comunidade local e, principalmente, à ausência de políticas públicas e equipamentos públicos de desenvolvimento sócio-cultural, iniciaram projetos sociais com a comunidade. O trabalho surge do reconhecimento das ações empreendidas pelos agentes como forma de articulação e desenvolvimento de uma cultura local que reivindica a participação coletiva, melhores espaços públicos e emancipação social. Cuja proposta, visa atender essas reivindicações pela comunidade através de um projeto potencializador dessas atividades a partir da ativação de um vazio urbano no centro do bairro com um equipamento público associado a um espaço livre que incorpore e possibilite novas ações dos agentes e da comunidade. A organização da comunidade local enquanto agentes de construção cultural e de fortalecimento das relações sociais, que reivindicam espaços de coletividade de qualidade e a representatividade frente às decisões do poder público sobre o território do qual fazem parte, se faz necessário, sobretudo quando a partir das análises, se identifica a fragmentação e ruptura dos espaços públicos existentes em função de grandes projetos centralizados e a inexistência de um equipamento público que dê suporte a essas ações locais. As intervenções e as ocupações dos vazios urbanos, entendido nesse trabalho como espaços potenciais, pelos agentes e pela comunidade local evidenciam a reivindicação desses espaços. E que as iniciativas locais de auto-organização e intervenção coletiva que propõe melhorias do ambiente em que vivem, segundo Rosa “… demonstram a incapacidade das cidades atuais de lidar com os desafios da cidade contemporânea através da cultura tradicional de planejamento e de seus instrumentos.” Portanto, o projeto parte do princípio de potencialização das ações dos agentes locais com a proposta de um espaço de articulação, reflexão e produção de caráter experimental através de uma infraestrutura que permita as diversas atividades já empreendidas pelos agentes e pela comunidade, e que possibilite a ampliação de suas ações.

Parecer da Comissão Julgadora

 

O projeto se desenvolve num terreno em forma de agulha de difícil aproveitamento, que resulta numa proposta bem resolvida, o que faz desta dificuldade um de seus méritos de destaque. O trabalho se destaca ainda pelo reconhecimento das iniciativas locais de auto-organização e através de uma proposta de implantação e edificação, capazes de potencializar o uso de um vazio urbano.

NUVEM

Rodolfo Egarter

orientador(a):

Mário de Oliveira Saleiro Filho

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

 

MENÇÃO HONROSA

Categoria Arquitetura de Equipamentos Culturais

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O projeto consiste na implantação de um complexo cultural no centro do bairro de Campo Grande, Rio de Janeiro, atendendo a uma zona em expansão, desamparada de equipamentos voltados a cultura e a promoção do conhecimento (biblioteca, teatro, galeria de arte e oficina). Visa-se a criação de uma área de permeabilidade urbana, fazendo uso do conceito de apropriação do espaço, tornando-se um local de encontro e um “marco do lugar” para o bairro (tal como foi o colosso de Rhodes para a Grécia), visto que é visível a partir das principais vias modais e acessos locais. No que tange a materialização do projeto, buscou-se a criação de uma edificação com forte pertencimento ao local, objetivando a ideia de que sempre esteve ali, sendo parte integrante da paisagem construída. Tal qual reflete o nome Nuvem, a edificação apesar de ter uma ocupação territorial expressiva, flutua sobre os pilares e as bases de tijolos aparentes, integrando-se ao céu em dias nublados e tomando para si a função de seu elemento homônimo em dias de sol, refletindo a luz e sombreando os caminhos que a permeiam. A nuvem se desenvolve de maneira irregular, ainda que cubista, criando sombras sob suas faces e projetando luzes através de suas aberturas. A nuvem abraça e acolhe o bairro, despertando a curiosidade daqueles que a observam e iluminando a mente de todos aqueles que a utilizam.

Parecer da Comissão Julgadora

 

A implantação de um complexo cultural numa grande área do Centro do bairro de Campo Grande propõe edificações nos limites do terreno, criando uma atmosfera interna onde através da caminhabilidade entre galerias e oficinas possibilita a permeabilidade urbana. O projeto destaca-se pela requalificação e ressignificação de uma área que tangencia a via férrea e três importantes ruas, criando novos fluxos caminháveis com espaços de usos públicos.

 

MUSEU VIVO PATAXÓ

Tainá Brilhante e Yuri Ferreira Cardos

orientador(a):

Igor de Vetyemy

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

 

MENÇÃO HONROSA

Categoria Arquitetura de Equipamentos Culturais

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O projeto caracteriza-se como um Museu Vivo, sendo uma Arena Esportiva Indígena, localizado em Paraty na BR 101, altura do KM 548, onde habitam os Pataxós Hã Hã Hãe. Estes são um povo Indígena Brasileiro que derivam de uma mistura de etnias: Pataxó e Tupinambá. Seu dialeto original é o Patxôhã, da família Maxakali do tronco Macro-jê. Vivem em sua maioria na Terra Indígena Barra Velha, Caraíva – Bahia.
O equipamento cultural visa atender a necessidade de um espaço para receber os Jogos Mundiais Indígenas, afim de ser um polo de disseminação de conhecimento e informação, trazendo assim uma maior visibilidade para o alcance da preservação.
Suas quadras foram adaptadas para os jogos típicos da cultura, sendo estes: Futebol, Cabo de Guerra, Zarabatana e lutas corporais, foi pensado como uma releitura do sistema construtivo Indígena, para ser um marco arquitetônico, tendo suas atividades administrativas e de serviço acontecendo embaixo da Arquibancada, uma estratégia de melhor aproveitamento do espaço.
Sua cobertura em sistemas de treliças de bambu e fechamento de palha, projetados em obtusângulos que expressam as lanças e personificam o conceito da força necessária para resistência e conquista do seu espaço, união entre os indígenas e proteção de sua cultura.

Parecer da Comissão Julgadora

 

O projeto de uma Arena para a realização de Jogos Indígenas surpreende pelo seu interessante espaço interior, conformado por arquibancadas de uso duplo.

 

 

 

A PARTE QUE TE CABE…

Alice Ballesté Lemme, Diego Pinheiro Rodrigues, Marina Agudo de Souza,Gabriel de Araujo Mesquita, Luiz Antonio Fernandes de Oliveira

orientador(a):

Pablo Benetti, Solange Carvalho, Valentin Arechaga e Rodrigo Rinaldi

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

PREMIADO

Categoria Habitação de Interesse Social

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A PARTE QUE TE CABE…

A Avenida Brasil é uma mega estrutura urbana que compõe parte da BR-101 e corta a Zona Norte do Rio de Janeiro. A área de intervenção localiza-se ao norte do Conjunto de Favelas da Maré; abrangendo parte da Nova Holanda, do Parque Maré e do Parque Rubens Vaz, assim como segmentos de Ramos e Bonsucesso que margeiam a Av. Brasil. O projeto tem como objetivo apresentar estratégias e soluções urbanas para cinco problemas identificados no local: a agressividade da Avenida Brasil e a má conexão entre suas margens; o déficit habitacional da Maré; a precariedade de espaços livres e arborizados; a hostilidade da franja entre a Avenida Brasil e a Maré; e, por fim, a presença do Baile Funk da Nova Holanda e suas contradições. 

O projeto entende a cidade em etapas e em camadas de tempo. Com isso, as intervenções são pensadas não somente em seu desdobrar espacial, como também temporal. O projeto prevê a progressiva desapropriação dos galpões para novos usos, retomando a função social da propriedade. Tais galpões são utilizados para concepção de espaços públicos ou como esperas para uma intervenção futura, com implantação de habitações e equipamentos de uso coletivo. Com a consolidação da intervenção em alguns trechos, os territórios adjacentes são gradativamente ‘reapropriados’ e desenvolvidos a partir das demandas apresentadas. 

Para isso, foi estudado todo o conjunto dos galpões da área de intervenção, para melhor compreender suas tipologias, dimensões e a malha fundiária gerada pelos lotes. O levantamento auxiliou na decisão de qual galpão poderia ser aproveitado e qual poderia ser demolido. Além disso, o levantamento permitiu a percepção de padrões morfológicos que ocorrem na margem da Avenida Brasil que faceia a Nova Holanda e que repetem-se no lado de Bonsucesso, assim como a observação de caminhos e meios de quadra já existentes entre os galpões.

O projeto metodologicamente utiliza procedimentos cíclicos de mirada ao contexto macro — planos gerais, conexões, relação com a cidade — e às ambiências, ao microcosmo. Com isso, é gerado um plano de massas constantemente revisitado, após análises aprofundadas de quadras-caso escolhidas a partir da especificidade e exemplaridade de cada situação. As quadras-caso são experimentações espaciais em fases de possíveis reapropriações dos galpões; de aberturas de áreas ociosas para espaços livres e de mescla de tipologias habitacionais. Tais experimentações atentam-se para a permanência dos lotes existentes, objetiva-se assim, diminuir – pelo menos em parte – os processos burocráticos do reloteamento; além de visar a facilidade e menor investimento necessários em lotes de menor porte.

A Avenida Brasil foi analisada minuciosamente, sendo possível observar uma diferença de traço urbano entre a via lateral que margeia a Nova Holanda daquela no lado oposto: essa fração da avenida possui características de uma via local, com pequenos comércios e circulação de pedestres. A partir disso, o projeto reconhece as pistas centrais como expressas e busca reforçar as pistas laterais como locais. Isso é realizado a partir da redivisão da via interna, do alargamento das calçadas e da reativação das frentes edificadas da Av. Brasil. 

O projeto, então, apropria-se das ‘sobras urbanas’ ou espaços intersticiais gerados a partir da concorrência entre a malha da Maré e a Avenida Brasil com o intuito de construir espaços de descompressão. Esse gesto possui dois principais benefícios: primeiramente, ao gerar-se um percurso mais favorável para o transeunte, estimula-se também a travessia em segurança através das passarelas existentes no recorte (passarelas 9, realocada, e passarela 10, mantida); e, em segundo lugar, ao afastar a testada dos lotes da Avenida Brasil, cria-se um ‘respiro atmosférico’ para os edifícios que faceiam essa via, reduzindo os impactos de sua poluição ambiental e sonora.

Com base no reconhecimento da relevância do Baile Funk e de outras manifestações culturais locais, entende-se a necessidade de suprir uma demanda de espaço para a realização desses encontros. O Baile Funk para a localidade apresenta-se em contradição pois, se por um lado trata-se de um evento cultural e social que caracteriza a área e suas relações, por outro significa grande incômodo para a população, devido à ausência de proteção acústica. Com isso, projeta-se um grande edifício, a cidade do Funk, próximo à Av. Brasil e à Teixeira Ribeiro, onde todas essas atividades possam ocorrer. Atrela-se a esse edifício a nova passarela de ligação ao outro lado e à nova estação de BRT. Entende-se esse local como um grande ponto de confluências.

…DESTE LATIFÚNDIO.

Parecer da Comissão Julgadora

 

O projeto de equipe representa o resgate de relações urbanas perdidas substituídas por barreiras que marcam a segregação no trato da cidade. Os espaços que hoje separam se convertem em espaços de encontro, de inclusão e de direitos, não na intenção semântica, mas na intervenção cuidadosa e bem estudada, viável e adequada do ponto de vista de gestão públicas,  sensível às características da população que deu novo sentido e consciente das demandas de intervenção urbana.

 

 

 

 

REPENSANDO A HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Projeto Habitacional a partir de um estudo das casas populares e apropriações

Vitória de Souza Cabral da Silva

orientador(a):

Pablo Benetti

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

PREMIADO

Categoria Habitação de Interesse Social

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Infelizmente as políticas habitacionais promovidas pelo Estado não correspondem com as demandas e necessidades da população na qual se propõe essas medidas. Um olhar rígido que não permite uma flexibilidade tanto nos aspectos formais de usos e de apropriações quanto das relações de complexidade que uma casa em ligação com outras possam apresentar. A partir de uma análise de projetos habitacionais produzidos pelo Estado, com enfoque nas modificações propostas pelos moradores e de análises das casas populares, o trabalho final apresenta um projeto de Habitação de Interesse Social pautadas nos parâmetros gerados pelo entendimento destes. Dentre eles são diversidade dos lotes; expansões(Desmembramentos ou/e Casa Mãe e Casa Filhos); espaços de fonte de renda, utilização de lajes, relações sociais, estrutura e dimensionamento dos cômodos.

Este projeto fornece uma moradia que permite ao morador ter ferramentas para que o mesmo possa criar suas próprias adaptações, sejam elas de expansões ou de criações de renda para contemplar as demandas de sua família. Além de conceber um projeto que viabiliza que as relações existentes dentro de uma comunidade sejam mantidas e fortificadas. Isto é, entender que para mais do que o aspecto arquitetônico a ser apresentado o aspecto social é de extrema importância, as relações sejam elas de amizade ou familiares compõem uma rede comunitária, um conjunto de casas que se interligam e geram interações dentro e fora das residências. Como citado por Eugênia Motta, Antropóloga em seu texto “Casa e Economia nas Favelas”.

    Desta forma foi possível trabalhar com essa parte da população que sofre constantemente com o fantasma da remoção, sendo assim se partiu de um dos embasamentos deste projeto para subverter a lógica frequentemente promovida pelo Estado no momento do reassentamento das mesmas. Tendo como população a ser beneficiada neste projeto a que está atualmente passando por este processo de remoção, localizada às margens da Avenida Brasil contendo 51 famílias, no bairro de Barros Filhos(zona norte do Rio de Janeiro), este adjacente ao bairro de Honório Gurgel, onde as Casas Populares e as do IAPI foram analisadas. E de maneira a ser coerente com o pensamento de ser manter e reforçar os ciclos sociais e núcleo urbano já reconhecido por esta população foi selecionado um terreno no bairro de Guadalupe a menos de 400 metros de distância para ser desenvolvido esse Conjunto Habitacional.

Sendo assim o projeto se debruçou a criar três lotes que traduzissem os dimensionamentos já propostos pela própria dinâmica da região, seguindo também um dos parâmetros gerados durante a pesquisa das casas analisadas, de maneira que foram desenvolvidas 75 lotes, dentre eles lotes de 54m², de 70m² e de 84m², distribuídos em quatro conjuntos de casas ao longo do terreno. Nestes conjuntos constam uma diversidade com a conformação da distribuição dos lotes já apresentados, respeitando a arborização existente, partindo da mesma para elaborar praças em cada uma, além de produzir uma área mais resguardada, criando ruas menores, entendidas como ruas vilas. A distribuição das famílias para cada lote se dará a partir de uma pesquisa com os moradores para se entender os ciclos familiares e de amizades; e uma análise de sua habitação prévia e só assim serem alocadas devidamente aos conjuntos e consequentemente ao lote equivalente ao que já possuía antes da remoção.

As habitações foram idealizadas a partir dos parâmetros gerados durante os estudos, de forma que todas possuem lajes, sejam cobertas ou descobertas; variações de 1 a 3 quartos; sistema estrutural independente em concreto armado que possibilita futuras ampliações; e possibilidades evolutivas a serem entregues aos moradores caso queiram adaptar em suas residências. Por fim, cabe ressaltar que o morador tem a autonomia para utilizar e idealizar conjuntamente suas alterações na habitação com as opções evolutivas apresentadas a eles de acordo com a necessidade de sua família.

 

Parecer da Comissão Julgadora

 

O projeto resolve de forma adequada a necessidade de intervenção urbana que demanda reassentamento encontrando no próprio entorno uma alternativa de localização e propondo soluções pensadas projetadas para moradores com nome e sobrenome, de acordo com as características das suas demandas e com as suas relações

 

 

 

 

 

ABRIGADA DA RUA

Abrigo Institucional para pessoas em situação de rua na Lapa

Lucas Dias Abreu

orientador(a):

Adriana Sansão

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

MENÇÃO HONROSA

Categoria Habitação de Interesse Social

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Sob a égide dos grandes eventos internacionais, o Rio de Janeiro foi palco de inúmeros projetos e de um enorme esforço político e financeiro para subsidiar melhorias na cidade e por mais que aspirassem a universalidade, acabaram sempre determinadas pelos interesses daqueles que os forjaram. A cidade inteira acabou sendo representada através de faces limitadas e estereotipadas que reduziram as múltiplas dimensões urbanas a uma única identidade visual coerente (SELDIN, 2017). O que levou a investigação de formas alternativas de acesso à cidade, sobre o que acontece com as culturas que permanecem invisíveis e com as camadas da população não contempladas pelos projetos ou com acesso limitado aos espaços renovados.  

Dentre esses grupos, está a população em situação de rua, profunda mazela da sociedade que escancara a desigualdades ao ingresso dos equipamentos e à cultura reproduzida. Estima-se que há por volta de 14000 pessoas em rua no Rio. Por definição é um grupo populacional extremamente heterogêneo, o que dificulta sua leitura e a tomada de iniciativas voltadas para esse público. 

A proposição do trabalho será assegurar o direito constitucional à moradia ao considerar ela como a primeira etapa do processo de intervenção as pessoas em rua. Ou seja, inverte-se a ordem usual de assistência, priorizando, antes de tudo, alocar as pessoas diretamente das ruas, sem precondição visando a melhorias na saúde física e mental através da estabilidade trazida pela habitação. É imprescindível entender que para se fazer política pública para essa população deve se levar em conta a heterogeneidade de seu público. Com isso, o acolhimento deve ser facetado, respeitando as diferentes vivências e vontades dos usuários.  

Será projetado um abrigo institucional para população em situação de rua, que deve atender pessoas de todos os gêneros, maiores de idade. O objetivo do trabalho é a investigação de diferentes formas de morar na cidade e de como a arquitetura propicia a construção do sujeito e suas relações sociais de vizinhança. 

Foi identificado concentrações pontuais de pessoas em situação de rua no recorte estudado, e entre essas concentrações há um constante deslocamento dessa população flutuante. A partir daí foi escolhido um terreno entre dois desses trajetos, um terreno da prefeitura que hoje tem uso de estacionamento entre a rua da Lapa e a rua Morais e Vale. O terreno se encontra em frente a um programa de gastronomia social que congrega pessoas em situação de rua, a Gastromotiva.

Parecer da Comissão Julgadora

 

O projeto resolve de forma adequada a necessidade de intervenção urbana que demanda reassentamento encontrando no próprio entorno uma alternativa de localização e propondo soluções pensadas projetadas para moradores com nome e sobrenome, de acordo com as características das suas demandas e com as suas relações

 

 

 

 

 

REQUALIFICAÇÃO DO EIXO FERROVÍARIO DE NOVA IGUAÇÚ

Uma perspectiva metropolitana sobre os trens urbanos

Rafael Souza

orientador(a):

Paulo Sérgio Alves Aguiar

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

 

PREMIADO

Categoria Impacto Metropolitano

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Uma perspectiva metropolitana sobre os trens urbanos

Este projeto busca estabelecer conexões entre uma cidade que é conhecida pelo seu forte comércio popular, buscando um novo olhar para a área do ramal ferroviário, que ao longo dos anos foi responsável pelo crescimento da cidade e pela ligação do município com a capital do estado. 

Contexto histórico

O desenvolvimento do município começa no entorno da linha férrea D. Pedro II, com a construção dos casarões dos Barões da Laranja, e já nesta época deixava evidente a divisão socioeconômica que iria acontecer anos mais tarde. Hoje, esse trecho é conhecido como ramal de Japeri e o principal motivo para a expressão: ‘’LADO DOS RICOS E LADO DOS POBRES’’.  

A metrópole que faremos

Com a publicação do Plano Estratégico Urbano Integrado (PEDUI), desenvolvido pela Câmara Metropolitana do Rio de Janeiro, é lançado um conjunto de diretrizes para Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), assim começa a se desenvolver soluções para a Baixada Fluminense e para as FRATURAS URBANAS causadas pelas linhas que cortam a RMRJ.

Com foco nestas propostas do PEDUI, busquei estabelecer possibilidades de desenvolvimento urbano para a região da linha férrea, apontando potencialidades e dilemas de cada ensaio: OCUPAR, ELEVAR E MERGULHAR. 

O desenho conta a história

O projeto é inspirado nos laranjais que cobriam parte do território do município. No início da Segunda Guerra houve uma grande queda na exportação de laranjas, o que ocasionou o loteamento das fazendas, gerando uma urbanização de forma desorganizada que era o início da transição da cidade rural, para uma cidade urbana. O paisagismo se inicia dos raios do obelisco da Praça da Liberdade e segue em direção a cidade, trazendo a lembrança de como eram plantados os laranjais, mesclando com a transformação em uma cidade urbana. Os tons de cinza representam os lotes implantados na cidade, os raios remetem as plantações de laranja, e o marrom traduz a transição rural-urbano.

 

Parecer da Comissão Julgadora

 

As linhas férreas contribuíram para a configuração da metrópole fluminense e poderiam ser, em tese, fator de integração. Mas como enunciado no próprio trabalho e no Plano Metropolitano, elas fraturam o território e marcam negativamente o tecido urbano. Este trabalho lança seu olhar para o território e suas fraturas e ao invés de fazer uma opção por uma solução específica que poderia não ser viabilizada economicamente, cria três cenários e mostra que arquitetura e urbanismo, incorporando conceitos de desenvolvimento orientado ao transporte sustentável oferecem respostas para todos desde que a integração urbana seja a premissa principal.

 

 

 

 

 

 

MUSEU NACONAL: Onde habita a [re]existência

Diana Amorim dos Santos da Silva

orientador(a):

Tiago Tardin e Romulo Guina

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

 

PREMIADO

Categoria Patrimônio Cultural, Restauro e Transformação de Uso de Edificações

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O bairro de São Cristóvão carrega consigo camadas históricas ressonantes da cidade do Rio de Janeiro. Abriga dois elementos patrimoniais tombados pelo IPHAN desde 1938, o Parque da Quinta da Boa Vista, um dos maiores espaços públicos de lazer do município, e, onde nele se insere, a primeira instituição museológica do Brasil, o Museu Nacional/UFRJ.

Entidade reconhecida nacionalmente e internacionalmente por abrigar uma grande variedade de acervos acumulados por 202 anos, e grande expoente da iniciativa de popularização da ciência, educação, lazer, pesquisa e atividades comunitárias. Porém, sofreu um incêndio de grandes proporções em 2018. 

Desde então, o edifico se manteve inativo para visitações, e se encontra no processo de estabilização estrutural e restauro, em desenvolvimento arqueológico de reencontrar objetos de suas coleções em meio às cinzas e não deixou de realizar seus eventos. O museu não morreu com o fogo. 

As atividades que ocorrem, do lado de fora, indicam que não se trata de luto, mas sim de luta. Diante desse cenário, com a aproximação com usuários do espaço, compreendeu-se a demanda de retomar com o museu para dentro das instalações anteriores, agora, em ruínas.

Deste modo, propõe-se um novo capítulo para a história da instituição. O projeto tem como intenção articular esse espaço histórico através de teorias como a da rearquitetura (Cesare Brandi), direcionando para a manutenção das cicatrizes das ruínas expostas, reforçando a relevância do patrimônio, enquanto lugar (Christian Norberg-Schulz) que habita experiências sensoriais e memórias coletivas (Maurice Halbwachs); configurando-se, então, como mais uma camada que não apaga, mas assume e incorpora os últimos acontecimentos.

Objetiva-se evidenciar a importância desse espaço patrimonial, a partir de suas propostas científicas e fortalecer memórias, afetividades e resistências. O trabalho se compromete com intervenções pontuais de linguagem arquitetônica silenciosa, em respeito a preexistência e está de acordo com demandas, com seu retorno ao Palácio de São Cristóvão. 

Pretende-se implementar também novos complexos. Áreas que se encontram aos fundos do museu, instalados através de manipulações de topografia operativa, sem interferência radical no parque, que abarcam espaços destinados para acervos, pesquisas, pós-graduações e infraestruturas técnicas. Destinando, assim, o Palácio para áreas expositivas, educacionais e outros serviços de apoio aos públicos. 

Por fim, o projeto trata do arquitetar e do escrever para não esquecer. Não se afastar da potência da relação entre corpos, lembranças e ativações, em um lugar onde habita a (re)existência.

 

Parecer da Comissão Julgadora

 

Essa proposta de ocupação interior do edifício do Museu Histórico Nacional, em ruínas após o incêndio de 2018, destaca-se pelo minucioso estudo do programa e fluxos, e seus rebatimentos no espaço construído, resultando em espaços de qualidade que organizam e integram os diversos usos do Museu. O trabalho destaca-se, também, pela qualidade gráfica dos desenhos.

 

 

 

 

 

 

 

CORPO POROSO E PERMEÁVEL: São Cristóvão

Fernanda Lobianco Araujo

orientador(a):

Marina Correia

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

PREMIADO

Categoria Patrimônio Cultural, Restauro e Transformação de Uso de Edificações

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Este trabalho aborda os conceitos de porosidade e permeabilidade aplicados no campo prático. A inquietação que alavancou a pesquisa desta tese originou no entendimento de que o cenário atual da cidade do Rio de Janeiro, assim como em muitas cidades, lida com as consequências da sucessão de camadas históricas complexas, que moldaram o território e impuseram novas lógicas espaciais e assimetrias sociais. A cidade industrial, a expansão da malha ferroviária e as práticas do urbanismo moderno no século XX, caracterizado pela prevalência do automóvel em detrimento das pessoas, moldaram territórios descontínuos, fragmentados e dispersos. Tais lógicas provêm de interesses conflituosos, muitas vezes conformados pelo capital, que é aplicado de maneira em que os valores sociais são desprezados. Dessa forma as condições urbanas não atendem a escala humana e ao modo de vida da sociedade contemporânea. Para dar suporte à argumentação, me aprofundei em autores que dialogam com essas ideias: o urbanista italiano Bernardo Secchi, através do conceito de porosidade, e o sociólogo americano Richard Sennett, que o complementa através do conceito de cidade aberta e da importância de se construir membranas de permeabilidade. 

Os objetivos deste trabalho vão de encontro com a busca pela compreensão dos modos de vida da sociedade contemporânea e de que modo a arquitetura pode e deve intervir para criar espaços que dialoguem com a lógica atual. Esse trabalho pretende entender o que é um espaço poroso, de trocas e permeável, que permita reaproximar a sociedade e gerar novas relações e cidades mais humanas e sustentáveis. A pesquisa se apoiou no bairro de São Cristóvão, um bairro com histórico único e um presente instigante, e através das análises históricas e críticas, um recorte de projeto foi escolhido: o Campo de São Cristóvão, onde se localiza o Pavilhão e a Feira de tradições Nordestinas.

O projeto nasce do entendimento da complexidade que esse território carrega e de uma vontade de celebrar todas as esferas que o compõe. Para falar da Feira, é necessário entender o Pavilhão, que por sua vez, para ser compreendido demanda uma leitura sobre o Campo, e por fim esse, para ser interpretado, é necessário que os olhares se voltem para o bairro como um todo e suas camadas sobrepostas. Camadas essas, que moldaram limites e impuseram novas lógicas espaciais que se afastam da lógica humana. Aqui, é proposto romper os limites que hoje não permitem que esse entrelaçamento seja celebrado em sua plenitude. Parte-se da explosão da Feira extramuros do Pavilhão, que sangra através do mesmo, e de sua nova reorganização que compreende e interpreta as geometrias de Bernardes e a cidade. As memórias remanescentes dos diferentes palimpsestos que ergueram o bairro são articuladas para fazerem parte do projeto e colaborarem, junto às lógicas contemporâneas, com a construção de um corpo poroso e permeável, que é bairro, é campo, é pavilhão e é feira. Um grande palco que celebra a vida!

O projeto remaneja as lojas existentes e oferece novos espaços com infraestrutura para serem apropriados e convidar o bairro a fazer parte. São módulos que atendem aos diferentes comércios que existem hoje, desde a barraca de cachaças aos restaurantes. O gesto de abrir o Pavilhão no nível do térreo e entender esse espaço como continuação do que está dentro e fora, fortalece a ideia de entrelaçamento da malha da feira e da cidade, ao transformar o limite em uma membrana permeável. Alguns elementos do projeto original do Bernardes são recriados, como os dois lagos nas extremidades e a estrutura de cabos de aço da cobertura. 

O projeto se compromete com o redesenho das bordas desse Campo, que aprimora a transversalidade e os atravessamentos, através da relação entre edifícios, a otimização das vias e alargamentos dos passeios. Os elementos, que se comportam como memórias remanescentes dos diferentes palimpsestos que compõe o bairro, são evocados através do desenho. A porosidade que se busca alcançar também é pensada em corte, ao se criar um pavimento subterrâneo para rebaixar o estacionamento existente e oferecer serviços que dão apoio ao que está em cima. Para se articular as temáticas que regem esse espaço, a ideia é reinterpretar um elemento que vem da Feira: o Palco. Cada palco tem sua vocação, mas pode ser apropriado de diferentes formas, sendo eles: Manifesto, Arena, Corpo, Voz e Mostra. A experimentação busca celebrar todos os agentes que conformam esse espaço com o objetivo que os limites que hoje aprisionam, amanhã sejam membranas que abraçam. 

CRÉDITO DAS IMAGENS: 

Fotografias e desenhos são de própria curadoria 

Fotografias de acervo no painel “o pavilhão” – Acervo do arquiteto Sérgio Bernardes sob custódia do Núcleo de Pesquisa e Documentação (NPD) – FAU/UFRJ – Brasil.

 

Parecer da Comissão Julgadora

 

O projeto para o Pavilhão de São Cristóvão e seu entorno propõe o esgarçamento e a expansão da Feira das Tradições Nordestinas além dos limites do Pavilhão, ocupando todo o Campo de São Cristóvão, através de um gesto simples – a eliminação da parede de vedação junto ao térreo –  e um desenho elegante de ocupação do espaço urbano.

 

 

 

 

 

 

 

 

CIDADE – PEDREIRA

Caio Rechuem Lopes Martinez

orientador(a):

Caio Calafate

UNIVERSIDADE SANTA ÚRSULA

 

PREMIADO

Categoria Produção Teórica

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Este trabalho de conclusão de curso foi utilizado como uma oportunidade de espaço ainda não completamente contaminado pelas convenções do ofício contemporâneo do arquiteto e circunda uma série de questionamentos construídos durante minha graduação.

Estes questionamentos giram em torno da noção de projeto, tentando não o enxergar somente como uma ferramenta de solução para problemas já pré-definidos, mas também como um espaço de discussão, reflexão e concepção destes problemas. Por isso, com o intuito de construir este espaço, me proponho a trabalhar com um certo tipo de experimentação e especulação a qual a atuação formal do arquiteto normalmente não se apropria.

O tema a ser explorado é a paisagem urbana, resultante de uma relação dialética e indissociável, na qual humanos se adaptam ao ambiente que habitam, e ao mesmo tempo adaptam este ambiente as suas necessidades e vontades. Tendo como problemática o desequilíbrio das óticas que produzem e reconhecem espaços dedicados à memória da cidade, entende-se à necessidade de construir uma narrativa sem a pretensão de esgotar o tema proposto.

A pesquisa utiliza como ferramenta de análise, a indústria da extração de rochas e da técnica portuguesa da pedra talhada, tendo como foco a mão de obra escravizada, emigrante e posteriormente especializada, que contribuiu fortemente para a construção da cidade e dos corpos que a povoam. Com base no levantamento bibliográfico, constata-se uma carência de exploração sobre o papel das pedreiras no processo de urbanização do Rio de Janeiro pelo campo da arquitetura. Portanto, esta pesquisa busca sentido justamente na possibilidade de servir de auxílio a uma nova reflexão sobre o tema.

Os vazios das inúmeras frentes de pedreiras desativadas pela cidade, são enxergados como possíveis receptáculos de memória das relações sociais intrínsecas a formação e manutenção de cidades, que até hoje continuam a se balizar na exploração de uma classe trabalhadora, que por sua vez é excluída tanto do processo projetual quanto decisório.

Portanto, esses vazios monumentais resultantes de uma simbólica transformação do relevo em arquitetura, configuram-se como espaços potentes para se discutir o real papel de nosso ofício.

Parecer da Comissão Julgadora

 

O trabalho revela um olhar sensível e maduro do autor em relação à cidade do Rio de Janeiro, ao investigar os espaços urbanos resultantes das antigas pedreiras desativadas do Centro da cidade. O tema é explorado através de análises pertinentes de suas dimensões social, material,  histórica e simbólica, e culmina em operações artísticas “site-especific” para a pedreira localizada na encosta do Morro da Providência.

PERMANÊNCIAS DO PLANO AGACHE:

DISCUSSÃO, FORMAÇÃO E PRÁTICA DA DISCIPLINA DE URBANISMO NO RIO DE JANEIRO (1927 – 1945)
Thiago dos Santos Mathias da Fonseca

orientador(a):

Clarissa da Costa Moreira

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

 

MENÇÃO HONROSA

Categoria Produção Teórica

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O escopo deste trabalho, fruto de inquietações oriundas da prática de projeto urbano acadêmico na área central do Rio de Janeiro, é investigar como os princípios e diretrizes propostos por Alfred Agache perpassaram a produção urbanística carioca nos anos subsequentes à publicação de seu trabalho em 1930, que apresenta uma carga teórica significativa, bem como explicitar a sua contribuição para a própria construção da ideia de disciplina no Rio de Janeiro. Não quero dizer com isso que Agache e seu plano são pouco estudados – pelo contrário. Não obstante, o levantamento bibliográfico me mostrou que a maioria dos trabalhos partem da perspectiva de completa oposição entre Agache e seus contemporâneos, notadamente os modernistas, apoiando-se amplamente nessa questão para explicar a aplicação fragmentada e restrita do Plano da região do Castelo. Por mais que em algum momento de fato a oposição e o declínio do projeto tenham ocorrido, acredito que esses fatos não são nem suficientes nem satisfatórios para elucidar as complexas relações estabelecidas entre esses personagens no final da República do Café com Leite, Era Vargas e Estado Nova, período de várias mudanças de mentalidade, culturais e políticas. Igualmente instigante foi perceber o quase unânime reconhecimento acadêmico do Plano como importante influência do planejamento urbano carioca e, em última instância, nacional, e porém, poucas pesquisas que investiguem a natureza dessas influências. Por isso, decidi direcionar esta monografia no sentido de satisfazer essas inquietações.

A pesquisa se apoiou na investigação das permanências de caráter teórico- – metodológico e morfológico em outros projetos urbanos da época, baseando-se em mais de mil recortes de jornais, ampla iconografia fotográfica e cartográfica, bem como vários projetos do período compreendido entre 1927 a 1945. A análise do material nos faz compreender que a figura do urbanista francês atuou como agente catalisador das discussões urbanísticas que já ocorriam, consolidando-as de maneira acadêmica, e revela que os princípios por ele defendidos apresentam influência no repertório projetual da época muito maior do que a historiografia tradicional costuma propor.

Parecer da Comissão Julgadora

 

O trabalho consegue trazer um novo enfoque a um tema já bastante explorado, evidenciando a capacidade crítica e o olhar atento do autor. Destaca-se também o tratamento ao material empírico escolhido e os desdobramentos apontados pela pesquisa.

OCUPAR O CENTRO:

MÉTODOS E PROCESSOS PARA A RECONVERSÃO DE IMÓVEIS EM MORADIA
Andressa De Luca Heredia de Sá

orientador(a):

Maíra Machado Martins

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

 

MENÇÃO HONROSA

Categoria Habitação de Interesse Social

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A área central da cidade do Rio de Janeiro, onde iniciou-se o processo de ocupação da cidade, apresenta hoje inúmeros imóveis públicos vazios, fato do Rio de Janeiro ter sediado a capital do país até 1960. Por outro lado, de acordo com a Fundação João Pinheiro, o déficit habitacional do Rio de Janeiro é da ordem de 220.000, enquanto há 600 edifícios abandonados no Centro. É notável a existência de uma demanda em contraposição aos vazios urbanos. Diante deste quadro, como lidar com esta situação e qual o papel do arquiteto diante desse contexto?

Esta pesquisa surge de questionamentos relativos ao programa de habitação social implementados pelo Estado, o Programa Minha Casa Minha vida (PMCMV), frente a disponibilidade de imóveis vacantes. O trabalho parte de estudos teóricos e empíricos que propõe uma reflexão, a partir da abordagem de metodologias, para a realização da reconversão de imóveis abandonados na área central e da contribuição do arquiteto urbanista neste processo, através da Assessoria Técnica.

A metodologia para realização desta pesquisa reúne: 1) visitas e entrevistas em duas Ocupações e dois Conjuntos habitacionais do PMCMV, localizados em São Paulo; 2) mapeamento histórico de Ocupações de imóveis ociosos na área central do Rio de Janeiro; 3) trabalho voluntário em assessoria técnica na Ocupação Vito Giannotti. Com as experiências empíricas, foram vivenciados os processos de reconversão de imóveis para moradia popular e as estratégias desenvolvidas por seus moradores para adaptar os espaços às suas necessidades junto aos arquitetos e profissionais da construção civil.

Assim, o trabalho se inicia a partir das visitas aos empreendimentos do PMCMV e da autogestão, referências em São Paulo, para o entendimento dos efeitos positivos do projeto participativo, resultando em um posterior mapeamento das ocupações do Rio de Janeiro vinculadas aos movimentos sociais. Dessa maneira, através deste mapeamento histórico foi possível identificar a presença de remoções em massa na cidade, durante a Operação Urbana Consorciada Porto Maravilha. Logo, as ocupações que resistiram a esse processo carecem de assessoria técnica para conquista do PMCMV-Entidades, o que proporcionou a experiência voluntária na Ocupação Vito Giannotti.

Com base nas vivências de campo, a reconversão do imóvel em moradia por meio deste Programa revela um resultado mais significativo para as famílias beneficiadas, visto que a modalidade conta com um processo de autogestão, sendo o profissional de arquitetura também um mediador das decisões. Pode-se afirmar, portanto, que o desenvolvimento do PMCMV-Entidades contribui positivamente para o desenvolvimento da cidade, na medida em que supre a demanda tanto de déficit habitacional quanto de ressignificar funcionalmente uma área potencial da cidade, que perdeu sua função residencial ao logo do século XX. O PMCMV-Entidades coloca-se como um programa habitacional autogerido que produz cidade de forma positiva, contrapondo-se à modalidade do PMCMV-Padrão que representa um pacote de crescimento para construção civil e que não responde às demandas habitacionais de seus moradores.

Nesta pesquisa, a Ocupação Vito Giannotti foi definida como estudo de caso para demonstrar que é fundamental o envolvimento do ambiente acadêmico com a Assessoria Técnica, no sentido de que a experiência permite agregar na formação profissional do arquiteto a capacidade de interlocução e mediação, ao invés da imposição do projeto arquitetônico. Dessa forma, proporciona experiências que possibilitam alternativas habitacionais com melhores resultados, atendendo às reais necessidades de seus moradores e, ainda, contribuindo positivamente para a construção da cidade.

Parecer da Comissão Julgadora

 

Embora o trabalho tenha sido inscrito na categoria de habitação de interesse social, a comissão entendeu que se enquadra na categoria de trabalho teórico e reconhece uma grande contribuição metodológica na vivência e aproximação da autora para compreender as demandas de assistência técnica para os movimentos de moradia.

GRAMÁTICA DE ESCOLAS:

UMA EXPLORAÇÃO DE PROCESSOS COMPUTACIONAIS EM ARQUITETURA
Christian Costa de Jesus

orientador(a):

Margaret Lica e Rafael Diniz

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

MENÇÃO HONROSA

Categoria Tecnologia e Inovação na Arquitetura

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A padronização nos projetos de escola tem sido a resposta mais comum à grande, e ainda crescente, demanda por escolas nos grandes centros urbanos tendo em conta as vantagens do ponto de vista econômico, logístico de construção e burocrático. Essa solução apresenta, porém, pela própria natureza, baixa flexibilidade quanto à adaptação a contextos específicos e mesmo a massificação dificulta a identificação do público com o edifício, indo contra o próprio papel institucional da escola.
Uma forma interessante de olhar sobre este problema pode estar na crescente informatização da arquitetura que, possibilitada por novas tecnologias, ferramentas digitais e subsequentes mudanças nas relações econômicas e sociais, tem trazido à tona questões relacionadas a métodos e processos
de projeto arquitetônico para as quais diversas respostas têm sido propostas tanto no meio acadêmico quanto na indústria.

A utilização de técnicas e processos de modelagem de informação da construção (BIM), processos de modelagem paramétricos e algorítmicos, sistemas generativos, design evolutivo, dentre outros processos de projeto arquitetônico assistido por computador (CAAD), são evidências de uma
tendência de produção arquitetônica baseada em dados que têm permitido alcançar altos níveis de complexidade, ajudando arquitetos a responderem questões relacionadas à produtividade, eficiência, gestão de projeto e colaboração.

A utilização dessas tecnologias, no entanto, levanta outras questões nem sempre tão positivas. Uma das preocupações mais comuns, e amplificada com o aumento do estudo e aplicações em inteligência artificial ou aprendizado de máquina, é quanto à restrição ao conhecimento da estrutura
interna de funcionamento desses sistemas computacionais — e portanto das decisões projetuais efetivamente computadas — que acaba acontecendo, tendo em vista que a aplicação desses sistemas envolve necessariamente conhecimentos específicos de computação que tradicionalmente não fazem parte da formação dos arquitetos. Se torna então essencial a criação de meios com os quais profissionais possam intervir e opinar em um processo de projeto computacional, para a democratização e melhor exploração de um processo algorítmico de projeto.

Considerando aspectos da teoria da computação aplicada ao design — em especial a gramática da forma — e tecnologias digitais a disposição de arquitetos atualmente, este trabalho busca responder a questão das escolas-padrão ao propor uma metodologia de (meta)projeto¹ que facilite a
participação dentro de um processo computacional de projeto. Essa metodologia busca aproximar o caráter lúdico e potencial criativo do pensamento visual e o caráter lógico-matemático do pensamento simbólico, através da criação simultânea de uma gramática da forma e um modelo paramétrico correspondente, com o qual se podem gerar diversas soluções de projeto de forma interativa e assim levar a lógica de customização de massa para o projeto de escolas como forma a repensar o atual modelo de produção de escolas padronizadas.

Parecer da Comissão Julgadora

 

O trabalho apresenta um estudo de caso da aplicabilidade de novas tecnologias digitais de arquitetura em projetos de escolas públicas, em uma interessante e importante abordagem do tema.

 

MULHERES E SUAS GUERRILHAS URBANAS

Cândida Zigoni de Oliveira Landeiro

orientador(a):

Adriana Sansão Fontes

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

PREMIADO

Categoria Urbanismo e Paisagismo

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Visibilizar as mulheres como agentes na construção de cidade, desnaturalizar as problemáticas experienciadas por elas e assim contribuir para a construção de uma metodologia no campo da arquitetura e urbanismo que seja atenta à pluralidade e subjetividade de cada mulher.

A proposta é subverter a lógica hegemônica e naturalizada de viver a cidade e revelar o lugar de guerrilheira urbana a todas as mulheres que resistem em um espaço que não lhes é dado. A ideia de guerrilha surge como um conceito inerente às formas das mulheres habitarem a cidade. Portanto, seguindo o objetivo de pensar em maneiras factíveis no campo da arquitetura e urbanismo de combater, denunciar e intervir, constrói-se um caminho para estratégias de intervenção na cidade que estejam próximas à escala do corpo, das experiências.

A metodologia desenvolvida estrutura um faseamento que busca implementar o efêmero e projetar o temporário, além de colocar em experiência as categorias de análise levantadas durante o processo. Dessa maneira, o 1º Dia da Guerrilheira Urbana (31/08/19), uma ação de guerrilha no Centro do Rio de Janeiro, abre caminhos para espessar as análises urbanas e enfim encontrar ações projetuais / diretrizes sensíveis à perspectiva das mulheres.

Parecer da Comissão Julgadora

 

O trabalho traz um tema que urge em ser debatido, realizado através de registros cotidianos feitos por mulheres através do compartilhamento de experiências, objetivando a construção de um diagnóstico qualitativo onde investiga-se de que forma a arquitetura e o urbanismo podem contribuir para a construção de uma cidade sensível à demanda das mulheres. A análise dos deslocamentos realizada a partir de critérios definidos e o mapeamento dos deslocamentos resultou na proposição de diretrizes projetuais que apontam caminhos no recorte espacial, que trouxe um importante destaque para este experimento.

A CONDIÇÃO LITORÂNEA DE SÃO GONÇALO, UM MUNICÍPIO FLUMINENSE

Felipe Sacramento Xavier

orientador(a):

Vera Regina Tângari

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

PREMIADO

Categoria Urbanismo e Paisagismo

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“A Condição Litorânea de São Gonçalo, um município fluminense” estuda o segundo município mais populoso do estado do Rio de Janeiro, localizado às margens da Baía de Guanabara na porção leste da Região Metropolitana. Costeira, a cidade teve parte significativa de sua orla modificada e obstruída pelo traçado da rodovia BR101, principal meio de deslocamento entre a capital e a região das baixadas litorâneas. As áreas da orla da cidade não alteradas pela construção da rodovia, onde os ecossistemas costeiros encontram-se mais íntegros, estão ameaçadas pela ocupação inadequada, agravada pelo desenvolvimento econômico petro-dependente, e são objeto de domínio e disputa territorial do tráfico sob as políticas de segurança pública empregadas pelo estado fluminense, omisso e violento. A cidade, outrora agrícola e industrial, desenvolveu-se aquém de sua condição litorânea, com centralidades interiorizadas e valores paisagísticos do litoral menosprezados em seus planos urbanos. Como resposta a este quadro de injustiça socioambiental, o trabalho propõe a criação da Área Especial de Desenvolvimento Costeiro Sustentável e, para ordená-la, o Plano Orla de São Gonçalo – dividido em 2 eixos e 5 unidades de paisagem – que busca repará-la e desenvolvê-la como lugar de encontro e vivência, valorizando as relações sócio espaciais à beira e nas vizinhanças d’água do mar.

Parecer da Comissão Julgadora

 

Com um olhar sensível aos impactos da implantação de uma rodovia federal na orla do município de São Gonçalo, mudando a sua relação com a Baía de Guanabara, e compreendendo as ameaças sofridas pelas áreas remanescentes na orla, o trabalho parte de um diagnóstico muito preciso para formular propostas normativas e de  intervenção que resgatem uma relação perdida aproximando a cidade da sua orla, não apenas como espaço de lazer que poderia ficar isolado e pouco usado, mas como espaço de moradia que torne efetiva essa relação.

NÓS – MADUREIRA

Antonio Pessoa Mauricio

orientador(a):

Verônica Natividade

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

 

MENÇÃO HONROSA

Categoria Urbanismo e Paisagismo

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O trabalho Nós se trata de um ensaio sobre infraestruturas de mobilidade urbana e a sua relevância social, arquitetônica e urbana que culminou no projeto de uma estação intermodal de transporte público no bairro de Madureira no Rio de Janeiro. O trabalho se deu em duas etapas, na primeira foram estudadas redes de infraestrutura de transportes conceitualmente e em seguida uma sucessão de recortes que partiram do Metropolitano ao local. Na segunda etapa, com o recorte local escolhido e um entendimento da complexa natureza das infraestruturas de transporte, um projeto que partiu da intensa relação do bairro de Madureira com essas infraestruturas foi desenvolvido.

Originalmente uma área rural, houve 3 importantes projetos infra estruturais de extrema importância na consolidação de Madureira como uma centralidade urbana: a construção da estação férrea Madureira, a construção do viaduto negrão de lima e a as duas estações da linha BRT Transcarioca. De maneira não antecipada, esses elementos se tornaram os principais marcos urbanos do bairro e de maneira inicialmente informal a população transformou espaços residuais da infraestrutura em relevantes marcos culturais como o baile charme e a CUFA.

O projeto desenvolvido nesse trabalho buscou aprender com a rica realidade de Madureira e propor alterações que reforcem as espontâneas funções hibridas da infraestrutura local. Notadamente, a estação de trem Madureira foi submersa para possibilitar a criação de um espaço público capaz de lidar com os intensos fluxos que emanam da estação assim como cultura e lazer. Sob a sombra do histórico Viaduto Negrão de Lima, de maneira análoga ao baile Charme e a CUFA, uma serie de espaços propícios a serem apropriados de acordo com a demanda do entorno foram criados. O desenho do projeto de maneira geral busca reforçar o gesto de cruzamento entre as linhas de transporte alta capacidade e elevar a sua função de marco urbano. Os elementos de conexão entre as diferentes linhas de transporte/níveis do projeto foram elaborados de maneira a permitir uma constante conexão física, sonora e visual entre as diferentes linhas por meio claraboias, elementos vazados e espelhados tornando do movimento uma experiência sensorial.

 

Parecer da Comissão Julgadora

 

O contexto do trabalho é o Bairro Madureira, onde ramais ferroviários coexistem sem que se cruzem numa parte do tecido que ainda é cortado pelo BRT. Esta perda de conexão do sistema de mobilidade também é refletida na perda de qualidade do serviço de transporte. O trabalho destaca-se pela solução proposta com a integração entre estações de diferentes modais (trem e BRT) no subsolo (com o deslocamento de um dos ramais) o que permitiu reconexão do tecido viário e requalificação do entorno permitindo o transbordo de diferentes modais.

CONEXÃO MARÉ

Daniel Azevedo

orientador(a):

Vinicius Ferreira Mattos

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

 

MENÇÃO HONROSA

Categoria Urbanismo e Paisagismo

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A proposta urbanística parte, de um lado, da identificação das problemáticas existentes e, por outro, na recognição dos aspectos culturais, históricos, sociais, econômicos e ambientais do eixo selecionado da Maré.

O cruzamento desses elementos agregado as estratégias e à sustentabilidade, norteia a abordagem multissetorial do projeto, caracterizado pelas seguintes categorias de intervenção: mobilidade urbana, habitação, comércio, espaços públicos e equipamentos urbanos, culturais, sociais e esportivos.

A partir disso, as ações foram concentradas em quatro eixos estratégicos, denominados de: Conector (interliga a Maré à FioCruz e à cidade inteira por meio da Av. Brasil), Comercial (ressignifica e valoriza a educação e cultura local revitalizando o espaço aberto integrador).

Setores esses que configuram polos locais indutores de desenvolvimento. As intervenções vertem dessas áreas e confluem analogamente no principal espaço público proposto. Ademais, propõe-se ações nas imediações do eixo de intervenção, justificados pelo potencial de uso e de algumas edificações e áreas subutilizadas, assim como pela articulação sócio-espacial entre sub-bairros limítrofes da Maré.

A exequibilidade do projeto baseia-se na indução da ocupação de áreas já adotadas de infraestrutura e equipamentos, mais aptas para urbanizar ou povoar, evitando a pressão de expansão horizontal na direção de áreas não servidas de infraestrutura ou frágeis, sob o ponto de vista ambiental, implementação de instrumentos urbanísticos para inibir a gentrificação, incentivar a diversidade de uso, o adensamento e assegurar a qualidade urbana das novas áreas habitacionais que foram realocadas de áreas de risco de alagamento; sistemas indutores do desenvolvimento, que retroalimentam os investimentos públicos de edificações a serem construídas para implantação de estabelecimentos de comércio, serviço, cultura e habitação.

Parecer da Comissão Julgadora

 

O trabalho parte do estudo da situação local e levantamento de aspectos relevantes do lugar a uma proposta de novos fluxos e de mobilidade urbana com conexão entre a via arterial e o bairro, ressignificando alguns espaços subutilizados, chegando a uma proposta de intervenção.

ENTRE ÁGUAS: UM OLHAR À GUANABARA

Guilherme Rodrigues Ribeiro de Souza

orientador(a):

Flavia de Faria e Raquel Tardin

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

MENÇÃO HONROSA

 

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O projeto surge do desejo de revelar os valores da Baía de Guanabara, muitos dos quais ocultos aos olhos da metrópole, que passam a ser reconhecidos e interpretados através da arquitetura da arte como dispositivos para a criação de diversas experiências e narrativas sobre essa paisagem. Propõe-se, então, um complexo a céu aberto com intervenções artístico-arquitetônicas, conectadas por múltiplos circuitos abertos que convidam os usuários da cidade a vivenciá-la, em sua poética e totalidade. Mais do que um projeto convencionalmente urbano, paisagístico ou arquitetônico, tal intervenção pretende incitar outras maneiras de olhar e intervir junto a essa paisagem, através de três atos fundamentais: o reconhecer, o evidenciar e o vivenciar. Portanto, apresenta-se como um projeto aberto, passível de receber 28 intervenções de arte e arquitetura, em cada um de seus dispositivos, convidando a todos os usuários da cidade para embarcarem nessa nova experiência sensível e poética de habitar a extensão da segunda maior metrópole brasileira, as águas da Guanabara.

Considerando o projeto como todo, chegou-se a conclusão de que um de seus dispositivos, entre todos os outros integrantes do complexo, deveria ser interpretado como o centro do projeto, o centro da extensão. Assim, o dispositivo 16 (a caverna libertária), localizado na Ilha do Sol, foi escolhido para ser não somente um centro geográfico mas, também, o ponto indicado para receber uma proposta de ensaio para uma intervenção com foco nas experiências e nas relações humanas com a água. Desse modo, a intenção é de que tal dispositivo opere como núcleo de toda a intervenção na baía, como o dispositivo por onde se chega, inicialmente, para que, a partir dali, irradiem-se os múltiplos fluxos e percursos em direção a todos os outros pontos de luz integrantes do complexo de arte e arquitetura proposto.

Parecer da Comissão Julgadora

 

A comissão avaliou que o trabalho não se encaixa em nenhuma categoria pré -estabelecida pelo edital, mas merece ser destacado por apresentar extrema sensibilidade poética e apelo estético, e documentar um olhar fino e delicado de seu respectivo autor.

PARALELO 22

Caio Guaraná Tavares Cavalcanti

orientador(a):

Diego Portas e Marina Correia

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

 

MENÇÃO HONROSA

 

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Linhas imaginárias cortam o mundo. Tornam reais conceitos e delimitam territórios, nações e países. Acolhem e separam o ser humano contemporâneo. Métrica que define até mesmo o tempo. Quando no mundo, procuramos essas linhas. 

O projeto surge a partir de uma dessas: o paralelo 22°58’08”S. Marcar a areia e nos posicionar perante o mundo.

Uma linha de 550m de extensão que corta as areias de Copacabana e invade o mar em três trechos:

O primeiro: uma sombra, faz um controle da escala monumental da praia. Um abrigo.

O segundo: um piso em direção ao mar. O estável em meio ao mutável.

O terceiro: uma plataforma flutuante. Descobrimos um novo território e olhamos a cidade de onde nunca estivemos.

Escavando as areias, encontramos as rochas e sedimentos da artificialidade dessa praia. Deixamos entrar a água do mar. Reaproximamos da cidade a água que ali já esteve. O mar se expande para dentro. 

Um projeto bruto que já nasce com caráter de ruína, uma parte de uma linha, incompleto. Não é uma experiência definitiva e arrumada. Depende das relações vivas entre os que estão. Que tenta fazer pensar e refletir.

Um projeto melancólico, que busca uma percepção aguda do mundo.

Parecer da Comissão Julgadora

 

A comissão avaliou que  o trabalho não se encaixa em nenhuma categoria pré-estabelecida pelo edital, mas merece ser destacado por apresentar extrema sensibilidade poética e apelo estético, e documentar um olhar fino e delicado de seu respectivo autor.

INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL – RIO DE JANEIRO

37o ARQUITETO DO AMANHÃ

2020

 
Comissão julgadora

Rentata Manhães Galiaço

Marina Lage da Gama Lima

Luís Fernando Valverde Salandría

 

ATA DO JURI

 

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O IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil – é uma instituição que objetiva fomentar a discussão da arquitetura e urbanismo e divulgar a profissão do arquiteto perante a sociedade brasileira.

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