da antiga ‘casa das machinas’ a atual sede do iabrj

A história do prédio onde hoje se localiza a nossa sede se inicia na década de 80 do século XIX. A “Companhia de Ferro Carril Jardim Botânico” (CFCJB) detinha algumas linhas dos chamados bondes na cidade do Rio de Janeiro que, nesta época, eram movidos à tração animal. Quando a CFCJB resolveu substituir a tração animal por tração elétrica, foram feitos estudos do sistema de eletrificação e em 02/07/1887 o sistema a ser adotado foi apresentado na exposição “Caminhos de Ferro Brasileiros” promovida pelo Clube de Engenharia.

Em 08/02/1892 a CFCJB inaugurou a usina geradora da rua Dois de Dezembro e em 18/12/1893 iniciou as obras de ampliação da usina elétrica quando foram instaladas uma bateria de caldeiras da Babcock & Wilcox, uma máquina a vapor tipo Macintosh Seymour & Cia e dois geradores de eletricidade da Thompson Houston International Eletric CO. A usina funcionava a carvão Cartiff.

Em 12/05/1894 às 21h00 foi feita a primeira experiência com bonde movida a tração elétrica (DUNLOPP, Charles – “A história dos bondes no Rio de Janeiro) na presença de autoridades como o Presidente da República e o Chefe da polícia.

Da inauguração até 1904, que é a data registrada na fachada do prédio da rua Dois de Dezembro, a usina sofreu várias ampliações e a companhia participou de várias obras de vulto, tais como a abertura do túnel para Copacabana e a iluminação da Av. Central.

Em 1897, a explosão de uma caldeira não só destruiu o prédio original como abalou boa parte do bairro do Catete, conforme notícias da imprensa da época.

A construção do prédio atual teve início do ano seguinte e teve como autor o arquiteto Francisco de Azevedo Monteiro Caminhoá, autor também da conhecida Galeria Cruzeiro e do Hotel Avenida que ficava na atual Av. Rio Branco, pela qual circulavam os bondes da mesma CFCJB. Caminhoá também é autor do projeto da Catedral de Petrópolis.

Pelas características do prédio, cujo nome registrado na fachada é “Casa das Machinas”, supõe-se ter abrigado uma das últimas fases de ampliação da usina, porém nada elimina a hipótese de que este prédio foi construído para ser uma oficina (possivelmente de motores) para manutenção dos bondes.

A “Casa das Machinas” ostenta um caráter refinado, e, embora originalmente tenha sido um prédio industrial, adaptou-se perfeitamente às funções Sócio Culturais do IAB-RJ.

O edifício possui planta retangular com dimensões externas de 17,50 por 50,00 m e espessas e sólidas paredes periféricas de 90 cm de alvenaria de pedra.

Estas paredes servem de apoio às treliças metálicas espaçadas de 5m com cumeeiras em lanternim e cobertura originalmente em telhas planas de barro tipo “francesas”. Possui também coletores e condutores de águas pluviais em ferro fundido ornamentados.

O prédio, em pavimento único, tem seu piso a 1,40m acima da calçada e altura livre de 8,75 até a base das treliças.

As fachadas compostas por ornatos e esquadrias em madeira rigorosamente moduladas e ritmadas, conferem ao edifício um caráter solene, de influência europeia, peculiar às construções daquela época.

Durante a primeira metade do século XX, formou-se o complexo do Largo do Machado da Cia Ferro Carril do Jardim Botânico. O prédio da Casa de Machinas transforma-se de usina em área de oficina e posteriormente em apoio administrativo.

Na década de 60, com a desativação dos bondes, o complexo do Largo do Machado se transforma em garagem e em oficinas dos ônibus elétricos. Com sua posterior desativação, passa ser garagem dos ônibus da C.T.C.

Na década de 70, com as obras do metrô do RJ, todas as edificações do complexo do Largo do Machado foram demolidas, restando apenas o prédio da Casa de Machinas (Um próprio Estadual de propriedade de um condomínio formado pela Companhia do Metrô, C.T.C. e CODERTE)

A partir dos anos 80 o prédio foi abandonado pelo Estado. Invadido por população em situação de rua, o prédio passa a sofrer diversos incêndios e furtos de esquadrias e materiais de instalação.

Em novembro de 1986 o IAB-RJ obteve junto ao Estado do Rio de Janeiro um termo de Cessão de Uso tendo como contrapartida a responsabilidade pela retirada dos invasores e a restauração do imóvel.

Em janeiro de 1988 o IAB-RJ inaugurou sua nova sede totalmente restaurada, composta de um grande salão de exposições, auditório, área administrativa, bar e restaurante. A antiga Casa das Machinas, restaurada, forma com o vizinho Museu do Telephone (Oi Futuro) e com o Castelinho do Flamengo um significativo corredor cultural para a cidade.

O prédio atualmente é tombado tanto pelo muncípio (dec. 7461 de 7/3/1988) quanto pelo estado do Rio de Janeiro (9/8/1989).

o autor

Francisco de Azevedo Monteiro Caminhoá nasceu no Estado da Bahia e formou-se engenheiro-arquiteto. Participou de diversas Exposições Gerais de Belas Artes (1872-1875 e 1879) e contribuiu com diversos projetos de arquitetura de caráter eclético, principal corrente arquitetônica do final do século XIX.

No Rio de Janeiro, projetou e construiu o Hotel Avenida – o maior estabelecimento hoteleiro da cidade à época – erguido para as festas da Exposição Nacional de 1908. O hotel dispunha de elevadores e 220 quartos iluminados a luz elétrica.  O hotel tornou-se um importante ponto de encontro, principalmente de políticos vindos de outros estados e que nele se hospedavam. Instalado no térreo, o restaurante da Brahma ficaria famoso. Em 1957 o Hotel Avenida foi demolido, dando lugar ao Edifício Avenida Central.

Em Petrópolis, projetou a Catedral São Pedro de Alcântara, construída em 1884 seguindo o estilo gótico francês do século XVIII. Ali estão hoje os restos mortais de D.Pedro II, da Imperatriz Teresa Cristina, da Princesa Isabel e do Conde D´Eu. Na capela imperial, junto aos restos mortais da família real, estão guardadas as relíquias de São Magno, santa Aurélia e Santa Tecla. A Catedral só foi efetivamente concluída em 1925.

Já rico e apaixonado pelas artes, criou o Prêmio Caminhoá que por dezenas de anos complementou a formação dos melhores com uma viagem à França ou a Itália, concedida ao vencedor do prêmio. As passagens e estadias eram preferencialmente na capital francesa para a então famosa Academia Julien. Bancado com os juros de 120 apólices da dívida pública (no valor de 120 contos de reis) deixadas pelo arquiteto, o prêmio só foi extinto em meados do século XX quando o dinheiro doado já era insuficiente para cobrir os gastos. Entretanto a sua contribuição pode ser comprovada através do vigor da obra dos seus beneficiários. No retorno da viagem, os premiados deveriam doar peças realizadas no período que estivessem no estrangeiro ao acerto da escola de Belas Artes e poderiam também lecionar na instituição. Entre os premiados estão diversos pintores e escultores, além os arquitetos Diógenes Rebouças e Walter Gordilho. No currículo do arquiteto carioca Ernani Vasconcellos, consta haver recebido a honraria em 1934.

Em 1933, ano da fundação do CONFEA, o nome de Francisco Caminhoá foi inscrito no Livro de Mérito daquele Conselho Federal, sob o número 42. É também nome de rua em diversas capitais brasileiras.

a atual sede do iabrj

O edifício sede do IABRJ possui um grande salão com 570,00 metros quadrados e intensa luz natural que oferece uma grande versatilidade de usos, como exposições, feiras, eventos, espetáculos, entre outros.Além do salão também contamos com um auditório equipado com 120 lugares fixos sentados, podendo comportar até 140 pessoas com a colocação de lugares extras.

O IABRJ desenvolve durante todo ano uma intensa programação cultural. Caso  tenha interesse em utilizar nosso espaço para realização do seu evento, entre em contato conosco.A secretaria do IABRJ funciona de segunda a sexta feira, das 12h00 às 19h00 (exceto feriados)

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