IAB-RJ participa da primeira audiência para criação do Museu de Vila Iguassú

O futuro equipamento cultural será instalado na Fazenda São Bernardinho, em Nova Iguaçu.
Primeira audiência pública para a criação do Museu de Vila Iguassú

O Departamento Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB RJ) e o Núcleo Demetre Anastassakis participaram na terça-feira, 25 de fevereiro, da primeira audiência pública para a criação do Museu de Vila Iguassú, na antiga Fazenda São Bernardinho, em Nova Iguaçu. A reunião aconteceu no Teatro Sylvio Monteiro.

Durante o encontro, foram detalhados os processos de captação de recursos por meio do programa PAC Seleções do Governo Federal, além da apresentação do projeto de restauração da fazenda, atualmente em fase de estudo preliminar. A audiência também teve como objetivo ouvir a população e os técnicos da sociedade civil para o desenvolvimento do anteprojeto, que será conduzido pela Prefeitura de Nova Iguaçu, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, sob a liderança do secretário Marcus Monteiro. A equipe responsável pelo projeto é composta pelos arquitetos da Superintendência de Patrimônio Cultural de Nova Iguaçu, Alerrandro Calebe e Thaysa Roth.

O IAB RJ foi representado na audiência por sua presidente, Marcela Abla, e por Noemia Barradas, da Comissão de Patrimônio Cultural do instituto. A vice-presidente do Núcleo Demetre Anastassakis do IAB RJ participou também da reunião. Ela estava acompanhada pelo arquiteto e urbanista Rafael de Souza.

“A preservação e valorização do nosso patrimônio, seja ele material ou imaterial, é um compromisso fundamental para manter viva nossa cultura e identidade como povo brasileiro. O IAB-RJ acompanhará de perto o projeto de restauração da Fazenda São Bernardinho, tombada como patrimônio federal pelo IPHAN”, afirmou Marcela Abla. Ainda de acordo a presidente do IAB-RJ, a inclusão das diversas narrativas no processo de recuperação da fazenda e no projeto do Museu de Vila Iguassú é essencial. Ela vê a ressignificação dessa edificação — um ícone da paisagem cultural da cidade — como uma oportunidade de potencializar o desenvolvimento de um parque em seu entorno, conforme proposto pela sociedade civil. Essa é uma chance importante de resgatar nossa memória histórica, com impactos significativos na promoção do turismo cultural, valorizando o estado do Rio de Janeiro, e no fortalecimento da identidade local.”

Para a arquiteta e urbanista Noemia Barradas, a participação do Departamento na audiência reafirma o papel da entidade como agente ativo na formulação de diretrizes que garantam a salvaguarda da memória coletiva e na promoção do direito à cidade, em consonância com os princípios constitucionais de proteção ao patrimônio cultural brasileiro.

“Esse primeiro encontro foi um passo fundamental para o fortalecimento das ações em defesa do patrimônio histórico e cultural da Baixada Fluminense. Ele reafirma a importância da articulação entre a sociedade civil e o poder público na formulação e implementação eficaz de políticas públicas voltadas à preservação e valorização dos bens culturais”, destacou Noemia.

Remanescente do Ciclo do Café na Baixada Fluminense

A Fazenda São Bernardinho, atualmente em ruínas, é um notável exemplo de patrimônio tombado e protegido por lei. Contudo, ao longo do tempo, sofreu um extenso processo de degradação, incluindo perdas materiais, vandalismo e abandono. Mais do que uma construção histórica, a fazenda representa um marco das construções rurais do ciclo do café na região.

(Fazenda São Bernardinho, em Nova Iguaçu. Crédito: Prefeitura de Nova Iguaçu)

Construída no século XIX, a fazenda possuía um solar de estilo neoclássico que refletia a grandiosidade e o refinamento arquitetônico da época. O complexo incluía ainda um engenho e uma senzala, testemunhos da história econômica e social local.

Apesar de sua relevância histórica, grande parte desse patrimônio foi comprometida ao longo das décadas. A ausência de manutenção sistemática e as constantes ações de vandalismo agravaram ainda mais sua condição, tornando urgente sua recuperação.

Novo PAC

O projeto de requalificação da Fazenda São Bernardinho para a criação do Museu de Vila Iguassú foi um dos sete selecionados no estado do Rio de Janeiro pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). O programa tem como objetivo apoiar estados, municípios e órgãos federais na preservação e valorização do patrimônio histórico e cultural do país.

O Novo PAC prevê um investimento total de aproximadamente R$ 1 milhão para o desenvolvimento do projeto executivo, pesquisa arqueológica e plano museológico para a Fazenda São Bernardino.

A criação do Museu de Vila Iguassú representa um avanço significativo na preservação da história e do patrimônio cultural da Baixada Fluminense, reafirmando a importância da integração entre poder público e sociedade civil na valorização do passado e na construção de um futuro mais conectado às raízes históricas da região.

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