Assistimos a mais uma tragédia na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A forte chuva que caiu no final de semana deixou um rastro de destruição e fez 12 vítimas fatais. Infelizmente, a falta de planejamento urbano e a ausência de infraestrutura tornam nossas cidades vulneráveis.

Projetos e planos para lidar com as emergências climáticas não faltam. Observamos planos para combater deslizamento e queda de rochas feitos pela GeoRio; Plano Diretor; Lei de Uso e Ocupação do Solo; o próprio Plano Verão 2023/2024 da prefeitura do Rio, além de inúmeros estudos acadêmicos para as áreas ambientalmente mais frágeis das cidades. Apesar de todo esse acúmulo de informações, há pouca ação por parte do poder público.

Dados da Defesa Civil de 2022 mostram que cerca de 50 mil casas foram danificadas ou destruídas por conta de eventos relacionados as fortes chuvas no estado, resultado em um prejuízo de mais de R$ 200 milhões às vítimas. A Casa Fluminense nos apresenta outro índice alarmante: mais de dois milhões de pessoas foram afetadas por eventos climáticos nos anos de 2021 e 2022 no estado, e a Região Metropolitana do Rio concentrou 81% desses casos (Mapa da Desigualdade, 2023. Casa Fluminense).

Importante destacar que esses desastres ambientais ocorrem em áreas com serviço de saneamento básico e moradia digna precária, que evidenciam a desigualdade de nossas cidades. Lamentavelmente, são regiões com um recorte populacional específico: pessoas negras e de baixa renda, o que detona para nós racismo ambiental.

O planejamento urbano precisa ser levado a sério pelas autoridades públicas. Prefeitos e governadores não podem mais justificar os danos causados pelas chuvas e lamentar as vítimas porque choveu em um dia o que estava prevista para um mês. Há muito tempo essa realidade extrema se tornou o novo normal e precisamos encarar o fato com responsabilidade.

O Departamento Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil, assim como seus Núcleos, solidariza-se com todas as vítimas desse desastre e se coloca à disposição para colaborar na revisão dos planos existentes e na definição de novas estratégias para que novos desastres não se repitam.