Exposição dedicada à Carmen Portinho é aberta ao público na FAU UFRJ

Mostra organizada pelo IAB RJ reúne fotos, desenhos e fac-símiles que destacam protagonismo de Carmen Portinho.

A exposição “Carmen Portinho: pioneira do urbanismo no Brasil” está aberta a visitação. Instalada no 5º andar do Edifício Jorge Machado Moreira, na Cidade Universitária, a mostra reúne fotos, desenhos e fac-símiles que destacam o protagonismo de Carmen Velasco Portinho nas propostas e programas no campo da arquitetura e do urbanismo moderno nacional.

Com organização do Departamento Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB RJ) e do Núcleo de Pesquisa e Documento (NPD) da UFRJ, a exposição conta com patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ) além de apoio do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM Rio), da Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (Cehab-RJ) e do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (Prourb) da UFRJ.

A presidente do IAB RJ e curadora da mostra, Marcela Abla, destacou a indispensável contribuição de Carmen Portinho à implementação das políticas de habitação social no Rio de Janeiro na abertura da mostra. “Após regressar da Inglaterra, Carmen publicou série de artigos intitulados ‘Habitação Social’. As bases da política habitacional do Rio de Janeiro e nacional foram construídas a partir desses textos”, explicou.

Carmen propôs a construção de 11 conjuntos residenciais na cidade do Rio, mas apenas quatro foram erguidos: Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, mais conhecido como Pedregulho; Conjunto Residencial Marquês de São Vicente, na Gávea; Conjunto Residencial de Vila Isabel; e Conjunto Residencial de Paquetá.

“Carmen Portinho, então diretora do Departamento de Habitação Popular (DHP), criou o programa de habitação social do Rio e aplicou à iniciativa os princípios das unidades de vizinhança, onde o conjunto residencial propunha um bairro com o complemento à moradia, com espaços de uso coletivo, lavanderia, mercado, posto de saúde, entre outras atividades coletivas”, disse Marcela.

Sobrinho de Carmen Portinho, o senador Carlos Portinho participou da abertura da exposição e destacou o protagonismo da tia não só no urbanismo brasileiro, mas também na defesa do voto e dos direitos femininos.

“Tia Carmen foi a primeira urbanista brasileira num período em que as mulheres estavam à sombra dos homens. Ela não se vitimizava por isso. Ao contrário, ela entendia que homens e mulheres tinham os mesmos direitos e tocava a vida dela. Por isso, em diversos momentos, tia Carmen desafiou a sociedade, como na questão do divórcio e do voto feminino”, afirmou Portinho.

Para a pesquisadora do NPD da UFRJ Maria Cristina Cabral, a exposição ilumina a importância de Carmen Portinho na questão da habitação social em um país que se industrializava e urbanizava. “Trata-se de um marco para revelar contemporaneamente as múltiplas atuações dessa mulher à frente de seu tempo, simultaneamente desbravadora, resiliente e ativista”, destacou.

O fundo de Carmen Portinho no NPD é composto por correspondências, extratos de jornais e revistas coletados por ela, fotografias e documentos diversos de eventos importantes da sua vida profissional. Parte desse material está acessível ao público na exposição. O acerto de Carmen se cruza com o de seu companheiro Affonso Eduardo Reidy também no NPD, devido a seu relacionamento profissional e pessoal.

O produtor executivo da mostra, Tomás Urgalino, destaca o trabalho da curadoria no processo de construção da imagem de Carmen Portinho como uma profissional com uma carreira consolidada por mérito próprio, separando-a da imagem de Affonso Reidy. “Ainda há quem enxergue Reidy como o verdadeiro idealizador dos projetos e Carmen apenas como a aliada no setor público que viabilizaria as construções. A realidade é bem diferente disso. Carmen esteve no centro das discussões, não só como quem trouxe o conceito das unidades de vizinhança da Europa e adaptou-o para o contexto nacional, mas como quem tinha os contatos e capital político necessários para tornar isso realidade”, ressaltou.

Ao falar dos desafios na montagem da exposição, o produtor executivo da mostra, Tomás Urgalino, ressalta o processo de construção da imagem de Carmen Portinho como uma profissional com uma carreira consolidada por mérito próprio, separando-a da imagem de Affonso Reidy. “Ainda há quem exergue Reidy como o verdadeiro idealizador dos projetos e Carmen apenas como a aliada no setor público que viabilizaria as construções. A realidade é bem diferente disso. Carmen esteve no centro das discussões, não só como quem trouxe o conceito das unidades de vizinhança da Europa e adaptou-o para o contexto nacional, mas como quem tinha os contatos e capital político necessários para tornar isso realidade”, ressaltou.

O presidente do CAU/RJ, Sydnei Menezes, parabenizou a iniciativa da exposição e reforçou o papel do Conselho em apoiar, incentivar, financiar projetos e ações que promovam a valorização da atividade profissional da arquitetura e urbanismo. “Demos continuidade a um trabalho para promover a exposição que é muito importante, pois trata da cidade e da evolução urbana do Rio de Janeiro. Todas as ações desenvolvidas nesse campo terão apoio integral do CAU/RJ”, afirmou.

A visita à exposição Carmen Portinho: pioneira do urbanismo no Brasil ocorre de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h.

Serviço

Carmen Portinho: pioneira do urbanismo no Brasil
Visitação: até março de 2025

Horário: das 7h às 17h
Local: 5° andar do Edifício Jorge Machado Moreira
Endereço: Avenida Pedro Calmon, 550, Cidade Universitária, Rio de Janeiro – RJ
Visitação: de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h
Entrada gratuita

Outras exposições na FAU UFRJ

O Edifício Jorge Machado Moreira, na Cidade Universitária, abriga atualmente outras duas exposições: “Por trás das mapotecas: O acervo NPD pela curadoria dos estudantes da FAU” e “Burle Marx e a UFRJ: a paisagem moderna na cidade universitária”. Ambas gratuitas e abertas ao público.

“Por trás das mapotecas: O acervo NPD pela curadoria dos estudantes da FAU” apresenta parte da coleção, da história e da missão do Núcleo de Pesquisa e Documentação (NPD) da UFRJ. Sua organização inclui os diversos fundos e coleções do NPD, episódios marcantes de sua constituição e aspectos de conservação, restauro e catalogação em acervos de Arquitetura e Urbanismo.

A exposição, com curadoria dos alunos da disciplina Narrativas Curatoriais do Departamento de História e Teoria, está instalada no Salão do NPD da UFRJ e conta com patrocínio da Faperj e do CNPq. A mostra fica em cartaz até 14 de novembro. O horário de visitação é das 9h às 15h.

Já “Burle Marx e a UFRJ: a paisagem moderna na cidade universitária” celebra a obra do paisagista no campus da UFRJ, colocando em debate questões sobre visibilidade, valorização, conservação e proteção de seu legado. Busca discutir a preservação, atualização e restauro dos jardins de Burle Marx na UFRJ, valorizando sua relevância no âmbito do Paisagismo Moderno no Brasil, bem como a qualidade de vida contemporânea.

Com realização do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (Prourb FAU UFRJ), do Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística (MPAP FAU UFRJ) e do NPD, a exposição fica aberta para visitação até 9 de dezembro.

Público confere exposição sobre Carmen Portinho na FAU UFRJ

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