IAB propõe criação da Casa da Arquitetura do Brasil no Palácio Gustavo Capanema

16 de junho de 2025

IAB propõe criação da Casa da Arquitetura do Brasil no Palácio Gustavo Capanema

Entidade entregou proposta à ministra da Cultura durante a cerimônia de reinauguração do edifício, no Rio de Janeiro

Durante a reinauguração do Palácio Gustavo Capanema, no dia 20 de maio, o IAB apresentou à ministra da Cultura, Margareth Menezes, proposta de criação da Casa da Arquitetura do Brasil. O espaço seria dedicado à preservação da memória e à documentação da arquitetura nacional.

Clique aqui para ler a íntegra da carta do IAB entregue à ministra Margareth Menezes

A proposta foi entregue pela presidente do IAB RJ e vice-presidente da Região Sudeste do IAB, Marcela Abla, e pelo diretor cultural da Direção Nacional Pedro Rossi. A ideia é que a Casa da Arquitetura seja instalada no próprio Palácio Gustavo Capanema, ícone do Movimento Moderno na arquitetura e na cultura nacional.

Para Marcela Abla, a criação da Casa da Arquitetura do Brasil, com sua instalação no Palácio Gustavo Capanema, representa um marco importante para a valorização da cultura arquitetônica e urbanística brasileira.

“O Capanema é o espaço ideal para abrigar a Casa da Arquitetura do Brasil, consolidando seu papel como símbolo da cultura arquitetônica nacional. Mais do que um espaço de preservação da memória e da documentação da arquitetura brasileira, a Casa poderá ser um centro de articulação entre cultura, educação e cidadania. Nele, poderemos reunir pesquisadores, promover exposições e dar visibilidade a acervos diversos. O IAB, por meio do GT Acervos e da Rede Brasileira de Acervos de Arquitetura e Urbanismo, já atua nesse sentido, em parceria com instituições de ensino, pesquisa e organizações da sociedade civil”, explicou a presidente do IAB RJ.

A entidade defende também o fortalecimento de práticas relacionadas à política de acervos em parceria com universidades, centros de pesquisa, arquivos e bibliotecas.

Restauração do Palácio

Projetado por Lúcio Costa, com participação de Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos, e consultoria de Le Corbusier, o Palácio Gustavo Capanema foi construído entre 1937 e 1945 para sediar o então Ministério da Educação e Saúde Pública.

O Palácio, também conhecido como MEC, possui 16 pavimentos e se destaca por sua funcionalidade e racionalidade. A edificação incorpora ainda os cinco pontos da arquitetura de Le Corbusier, como pilotis, planta livre, fachada livre, janela em fita e terraço jardim.

Após mais de seis anos de obras, o edifício foi reinaugurado em maio. A restauração começou em fevereiro de 2019 e recebeu investimentos de R$ 84,3 milhões por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), com cerca de 100 trabalhadores mobilizados nos períodos de maior atividade.

Sob coordenação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a intervenção envolveu recuperação de pisos, móveis, luminárias, persianas, jardins e sistemas elétrico, hidráulico, sanitário, de combate a incêndios e de vigilância.

O arquiteto e urbanista Paulo Vidal, servidor do Iphan RJ, foi coordenador do projeto e da obra desenvolvida no Capanema entre 1995 e 2000. Na intervenção mais recente, de 2015 a 2024, ele foi assessor, coordenador técnico e superintendente do órgão. Em todos esses cargos, participou das decisões do projeto e da obra.

“Muitas das intervenções feitas na reforma coordenada por mim, 1995/2000, foram conservadas nesta obra de restauração, portanto, se “agregaram” ao próprio prédio tombado. No entanto, o maior desafio dessa intervenção foi dotar o prédio de conforto ambiental, por meio da introdução de um sistema de condicionamento de ar, tanto nas áreas de trabalho, quanto nas reservas técnicas, bibliotecas, arquivos, auditoria e salão de exposições”, disse Vidal.

Ordem do Mérito Cultural

A reinauguração do Palácio Gustavo Capanema foi marcada pela entrega da Ordem do Mérito Cultural (OMC), a maior honraria pública do setor cultural brasileiro. A retomada da premiação, suspensa desde 2019, celebrou as quatro décadas de criação do Ministério da Cultura como tema “40 anos do MinC: Democracia e Cultura”.

Além de representantes da Direção Nacional do IAB e do IAB RJ, estavam presentes na cerimônia o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ e professor permanente do Programa de Pós-graduação em urbanismo (Prourb/UFRJ), Guilherme Lassance, e o ex-superintendente regional do Iphan Rio Paulo Vidal.

A honraria foi concedida a 111 personalidades brasileiras e a 14 instituições que contribuíram/contribuem para o desenvolvimento da cultura e impulsionam a diversidade cultural do país. Os homenageados foram reconhecidos em três diferentes graus: Grã-Cruz, para as maiores distinções; Comendador, para contribuições de destaque; e Cavaleiro, para contribuições relevantes em suas áreas.

A escolha teve participação popular. Durante 10 dias, o Ministério da Cultura recebeu, por meio de formulário digital, 11.318 indicações de pessoas, instituições e coletivos de todo o país dos mais diversos segmentos, artes cênicas, música, literatura, audiovisual, culturas urbanas, culturas populares, fotografia. A análise foi feita por uma Comissão Técnica e ao Conselho da Ordem. Foram condecorados representantes de expressões artísticas de diversas regiões do país, trajetórias e linguagens.

Entre os 125 personalidades e instituições homenagens, apenas dois arquitetos e urbanistas foram agraciados: os ex-presidentes do Iphan Jurema de Sousa Machado e Luiz Fernando de Almeida. Jurema tem ampla atuação na gestão do patrimônio cultural em Minas Gerais, na UNESCO e no próprio Iphan, enquanto Luiz Fernando é membro do Comitê de Patrimônio Mundial da UNESCO, diretor do Museu de Arte do Rio e fundador do Instituto Pedra. Ambos foram reconhecidos por contribuições no campo da preservação do patrimônio cultural nacional.