A construção de novo píer de atracação para embarcações de grande porte em Búzios foi debatida em audiência pública realizada na quarta-feira, 30 de abril, na Praça Santos Dumont, no Centro da cidade. A ação ocorreu por determinação da juíza federal Mônica Lúcia do Nascimento Alcântara Botelho, depois da ação do Ministério Público Federal (MPF).
O IAB RJ, através do Núcleo Búzios, participou das discussões e apresentou nota técnica que destaca os riscos do incentivo à atração de grandes cruzeiros na cidade. “O aumento de navios de grande porte ameaça Búzios, que nada tem a ver com a escala da cidade. O pretendido píer é nesse contexto. Um elemento agressivo e estranho que em nada contribui para a beleza local”, diz trecho do documento.
Clique aqui para baixar a nota técnica publicada pelo IAB RJ e seu Núcleo Búzios
Para o Núcleo, limitar o número de navios que aportam na cidade restringe ações segregadoras e contribui para manter a qualidade das praias. A presidente da entidade, Kátia Pirá, explica que o turismo marítimo de grandes embarcações ocorre há mais de 20 anos sem qualquer regulamentação, ocasionando diversos conflitos de interesse entre pescadores, marisqueiras, moradores, ambientalistas e atores envolvidos nesse tipo de turismo, que impacta a infraestrutura já precária da cidade, seu patrimônio ambiental, paisagístico e cultural, já que o turismo de massa descaracteriza a identidade responsável por sua atratividade.
“A prefeitura não tem sabido lidar com a questão, e Búzios não se atualizou – mantém infraestrutura de aldeia, diante das demandas de uma cidade que tem mais de 40 mil habitantes fixos e a população triplicada nas temporadas”, afirma Kátia.
Diante da complexidade envolvida no turismo de grandes cruzeiros, os arquitetos e urbanistas de Búzios defendem a realização de estudos técnicos que abranjam a Enseada da Armação e seus bairros limítrofes para ajudar os gestores públicos na governança adequada à recepção desse tipo de atividade.
De acordo com Kátia Pirá, a intenção dos arquitetos e urbanistas não é apoiar o veto aos navios de cruzeiro, tampouco a supressão dos empregos gerados pela atividade, mas exigir que haja regras e que sejam cumpridas.
“O nosso núcleo, com apoio do IAB RJ, é prol de uma Búzios resiliente, inclusive às mudanças climáticas, e participativa. Cobramos a reativação do Conselho Municipal de Planejamento e do Conselho de Meio Ambiente, fundamentais para uma gestão democrática”, explicou a arquiteta. Ainda segundo Kátia, a nota técnica lista os estudos e os relatórios indispensáveis à recepção de navios de cruzeiros, sem danos aos ecossistemas e outros impactos socioeconômicos.